Veja os impactos econômicos da guerra na Europa e da pandemia para a América Latina
O custo econômico da guerra, desencadeada quando as feridas da pandemia ainda não estavam curadas, é especialmente difícil para as economias emergentes e em desenvolvimento, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), que antecipa uma perspectiva sombria para a América Latina.
Em 2021, a região da América Latina e do Caribe cresceu acima da média mundial: 6,8% contra 6,1% no geral, segundo dados do FMI. No entanto, para este ano a tendência esperada é a inversa. Prevê-se um crescimento global de 3,6% — uma tendência de queda revisada de janeiro a abril — e 2,5% na América Latina, abaixo de todas as outras regiões do mundo. Essa previsão está mantida para 2023.
Aqui, um olhar sobre o crescimento do PIB nas cinco principais economias da região, que mostra o alto custo da pandemia para a região que registrou fortes contrações econômicas, beirando os dois dígitos em casos como o da Argentina.
Inflação na América Latina
O FMI espera que os efeitos da guerra nas economias emergentes e em desenvolvimento sejam “muito maiores” do que nas economias avançadas, devido a fatores como menor apoio político, o que levaria a resultados “abaixo da tendência pré-pandemia” nos próximos anos.
De fato, como explica o conselheiro econômico e diretor do Departamento de Investigação do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, “a pandemia já tinha reduzido a margem de manobra de políticas em muitos países” e “a retirada do apoio fiscal deverá continuar excecionalmente”.
“A escalada dos preços das commodities e o aumento das taxas de juros globais reduzirão ainda mais o espaço fiscal, especialmente nos mercados emergentes importadores de petróleo e alimentos e nas economias em desenvolvimento”, disse Gourinchas.
A escassez de combustível, de fato, já é visível na Argentina. Primeiro afetou táxis e agora impacta caminhões, o que pode afetar a economia já que transportam 90% da produção comercial.
Inflação
A inflação é um dos grandes flagelos econômicos da região, principalmente na Argentina, onde avança para 58% ao ano segundo dados oficiais do mês de abril. De fato, o país do Cone Sul acumula inflação mais alta que a Venezuela nos primeiros quatro meses do ano e caminha para ter a pior da América Latina.
O café foi o produto que mais cresceu entre abril de 2021 e o mesmo período de 2022 na Argentina. Outros dos insumos mais caros são ovos, vinho, farinha e algumas frutas e legumes.
Depois, em um segundo lugar muito distante, está o Brasil, seguido por Chile, Colômbia e México.
No Chile, a inflação anual atual é a mais alta registrada desde 1994. Alimentos é a categoria em que os chilenos mais sofrem.
A inflação também afetará mais as economias emergentes e em desenvolvimento do que as avançadas. Até 2022, a projeção é de 5,7% nas economias avançadas e 8,7% nas emergentes e em desenvolvimento. Esta previsão de abril representa um aumento de 1,8 e 2,8 pontos percentuais em relação a janeiro.
O aumento dos preços deve ser entendido no âmbito de uma região onde há 267 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar de um total de 650 milhões, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
Deste total, cerca de 60 milhões que passam fome direta, ou seja, não consomem o mínimo necessário de alimentos, e 93 milhões estão em grave insegurança alimentar, com riscos à saúde por problemas na quantidade ou qualidade dos alimentos.
Desemprego
O desemprego, exceto no México, é outro indicador que mostra a complicada situação econômica pela qual passa a América Latina.
No Brasil, a maior economia da região, e na Colômbia o desemprego está acima de 10% há quatro anos.
Já na Argentina, embora tenha tido seu pico de mais de 11% em 2020, sempre esteve à beira de dois dígitos. Além disso, os aumentos salariais recentemente definidos não conseguem mitigar os efeitos da inflação.
O Chile parece ser o país com os melhores resultados em termos de emprego segundo a análise primária, mas seus números estão longe dos das economias mais avançadas.
O Chile também é o país mais competitivo da região, segundo o anuário Competitividade Mundial da escola de negócios IMD.
Atrás dele está o Peru, que não está no ranking das maiores economias, seguido de México, Colômbia e Brasil — nessa ordem.
A Argentina e a Venezuela, por sua vez, estão entre as piores avaliadas.
Fonte: CNN Brasil